ARFAR

Penso olhares que deitei
Perdidos olhares
Pela ternura dos encontros
No escuro de mim mesmo

Lampejos
Ficaram soltos
N’algum recôndito
D’alma

Soltos
Abandonados
Vadios
Andarilhos

Uma estrada
Um caminho
Rasgando o horizonte
Da campina

Repentino riacho
Cascata
Queda d’água...

Respingos refrescam
Umedecem
Ofegante respiro
Suspiro
Um nome
Qualquer
Bem-me-quer
Pétala a pétala
Do bem, do mal

Olhar tristonho
Sorriso discreto
Secreto
Deitado

Florescem momentos
Saudados
Pela saudade ficante
Edificante

Momentos sobrepujam a vida
O amargo fenecer
Da primavera

O mato diverso
Perverte
Toma conta
Dos sentimentos
Caídos

Sentimentos como a tênue
Como a frágil
Como a breve
Flor do campo

Sentimentos como o despertar
De um sonho
Divino
Inspirado

Sentimentos como um verso
Reverso
Que perdeu a rima
Como o poeta fingidor Pessoa

Sentimentos como a canção de Milton
Nos encontros 
Nas despedidas

Um amor verdadeiro
Não tem rosto
Não tem pouso
É uma ave no céu
Do alto mar

O amor é brisa
É vento
É o prazer
De asas abertas
Do voo aberto

O amor é uma página
Em branco
Virada

O amor são rastros
Deixados
No ar
O arfar
O silêncio
Que sempre
Fica

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