DEVORO-TE

Palavras são em vão
Se posso dizer que a quero
Segurando sua mão
Sua presença
Uma sentença
Condenado, atraído
Meu olhar confessou
O meu silêncio
Um dia veio você
Refletir no vidro...
Minha redoma
Quebrou, entrou: toma!
Toma meu sentimento
Em pedaços de tempo
Em todo momento
Em todo movimento
Contemplo em seu vestido
O mundo então cindido
Abraça-me agora e sempre
Meus beijos coleciona
Sequestra  minha alma
Não tenho resgate
Entrego devagar
Para não dizer
Que me tem em suas mãos
Insisto em me perder
Insisto em querer você
Num tempo desfeito,
Quem nos uniu?
O que permitiu esse amor
Acontecer ao anoitecer?
Sou errante,
Erro em seus braços
Vago em seus sonhos...
Temos...
O que temos?
Quando ando por ai
Perdido em nós dois
Não quero olhar para trás
Por que não somos de lá?
A poesia, nossa benção
E nossa maldição
Condeno-me aos versos
Sempre eles
Culpados deste amor: Cecilia e Chico
Embalam uma melodia...
Ele conduz “o tempo de te amar
Te amando devagar
E urgentemente”
Ela “recolhe todo o sentimento
Que brota em meu corpo
Uma outra vez”
Para naufragar no barco da canção...
“Tanto mar, tanto mar”, Meireles,
Eu não posso navegar...
Será preciso abrir o mar
Será preciso, então, chorar...
“Fecho os olhos de saudades”
Não diremos nada, Chico
“Nada aconteceu”
Apenas seguiremos
Teus versos encantados
Na maldição das palavras
Em mais uma história de amor
Sem desfecho

Precisamos apenas dormir e dominar
Assim desvencilhar
E respirar mais um beijo
Para então partir
Os versos, a canção
Sempre a tocar a calmaria
Acalmaria o mar
A calma de Maria
Ana que sorria: uma só mulher

Decifra-me ou devoro-te

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